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Ana Saragoça, Mário Augusto e Sérgio Godinho na segunda noite do festival literário

Ana Saragoça, Mário Augusto e Sérgio Godinho na segunda noite do festival literário

O cinema acabou por ser o tema principal da sessão noturna do “Livros a Oeste” de 14 de maio, que teve lugar, no auditório do Centro Cultural Dr. Afonso Rodrigues Pereira. Tendo em conta a ligação dos três convidados (Ana Saragoça, Mário Augusto e Sérgio Godinho) à sétima arte (em papéis diferentes) a conversa foi sempre passando por este tema.
Sérgio Godinho, que foi guionista de vários filmes, demonstrou também ter um grande conhecimento da sétima arte, contribuindo para uma discussão afável com os outros convidados, a atriz Ana Saragoça e Mário Augusto, apresentador de vários programas de divulgação de cinema.

Para além de atriz, Ana Saragoça foi tradutora, autora de romances e dramaturga. “A minha primeira opção foi ser atriz e as outras coisas foram encaixando na minha vida, primeiramente por necessidade económica, e por gostar do que faço”, contou. Começou por fazer traduções porque enquanto atriz sentiu a necessidade de traduzir textos de acordo com as necessidades de quem faz dobragens e acabou a fazer outros trabalhos nessa área.

Tudo o que foi vivendo contribuiu para que se tornasse escritora. Em 2012 publicou “Todos os Dias São Meus”, um livro divertido que apresenta um crime que acontece no elevador de um prédio onde moram várias personagens que personificam diferentes identidades caraterísticas específicas (desde a porteira aos imigrantes do Leste).

O cantautor Sérgio Godinho, que nessa tarde tinha apresentado o seu último romance na Biblioteca Municipal da Lourinhã, explicou que na sua escrita aproveita muito a “fala da rua”, tornando as personagens mais reais. Isso acontece nos livros que escreve, mas também nas letras das suas músicas.

Mário Augusto, jornalista e apresentador de vários programas de divulgação de cinema, considera que, desde há 40 anos, “começou a escrever-se com muito mais ‘cinema’ nas palavras porque o audiovisual passou a fazer parte da vida das pessoas”. Na sua opinião, os escritores passaram a ter muito influência do cinema na forma como elaboram as suas personagens e histórias.

Depois de ter feito milhares de entrevistas relacionadas com a sétima arte e para comemorar os 15 anos do seu programa “Janela Indiscreta”, o jornalista selecionou as suas melhores entrevistas, feitas a 25 dos maiores nomes da indústria cinematográfica para publicar em livro.

O entrevistador contou que os melhores atores são os mais fáceis de entrevistar porque são as pessoas mais simples. “Ao longo destes 30 anos tive a sorte de falar com atores verdadeiramente grandes e são sempre os que mais estão à vontade”, disse. Por outro lado, “tenho constatado que o denominador comum a todos eles é o equilíbrio de um triângulo composto por sorte, trabalho e talento”.

Este debate foi antecedido por uma apresentação inédita do projeto Corações em Conserto, a evocar a poesia de Sophia de Mello Breyner. Rita Sousa, Nuno Trindade e Rui Pedro Martins proporcionaram um momento mágico de poesia e música que deu o mote para a conversa da noite que tinha como tema “Palavra Escrita e Palavra Dita”.