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José Carlos Barros, vencedor do Prémio Leya 2021 apresentou o seu romance premiado na Lourinhã

José Carlos Barros, vencedor do Prémio Leya 2021 apresentou o seu romance premiado na Lourinhã

O escritor José Carlos Barros, autor do romance “As Pessoas Invisíveis”, vencedor do Prémio Leya 2021, marcou presença em duas sessões do festival “Livros a Oeste”, no dia 11, com a apresentação do seu livro e a participação na habitual sessão de conversa noturna “A Poesia é que nos cura…”, no Consultório Taberna.

Segundo o júri do Prémio Leya, a obra “As Pessoas Invisíveis” “é uma viagem por vários tempos da história recente de Portugal, desde a década de 40 do século XX, narrada a partir de uma personagem ambígua, Xavier, que age como se tivesse um dom, ou como se precisasse de acreditar em ter um dom”.

O escritor contou, na Lourinhã, que o romance demorou 10 anos a ser escrito e que surgiu durante uma viagem de férias a São Tomé e Príncipe. Nessa altura, soube, pela primeira vez, o que aconteceu no Massacre de Batepá, cometido pelas tropas coloniais portuguesas, em 1953.

Espantado por desconhecer uma tragédia onde terão morrido cerca de mil pessoas, José Carlos Barros construiu uma história a partir da revolta dos “invisíveis”, que lutavam contra o trabalho serviçal e de “quase escravatura”, muitos anos depois de esta ter sido oficialmente abolida em Portugal.

“Como escrever é um ato de aprendizagem, foi a escrever que aprendi mais sobre o que tinha acontecido”, referiu, salientando que este não é um romance histórico, porque não teve preocupação com a veracidade dos factos.

O escritor faz um paralelismo entre estes serviçais das roças de São Tomé, com outros grupos de pessoas que agora são exploradas pelo seu trabalho, como nas estufas e campos agrícolas de Portugal. “São estas as pessoas invisíveis de hoje”, disse.

José Carlos Barros é natural de Boticas e licenciado em Arquitetura Paisagista pela Universidade de Évora. Além de obra poética já publicada e de ser autor de romances como “Um amigo para o Inverno”, com que foi finalista do Prémio Leya em 2012, foi também diretor do Parque Natural da Ria Formosa.